Dicionário Aurélio
Caliça, pedregulhos, areia, tudo que sirva para aterrar, nivelar depressão de terreno, vala. Restos de tijolos, argamassa. Materiais inúteis resultantes da demolição.
Caliça, Fragmentos de argamassa resultantes da demolição de obras de alvenaria Dicionário Priberam
s. m.
1. Montão de fragmentos que resultam de uma demolição ou desmoronamento.
2. O que atravanca ou enche; embaraço; estorvo.
Há algum tempo o dicionário deixou de oferecer uma definição clara e precisa sobre o significado de entulho.
No Brasil, país com dimensões continentais, este resíduo é conhecido como entulho, caliça ou metralha.
Numa linguagem mais técnica, o Resíduo da Construção e Demolição (RCD) ou Resíduo da Construção Civil (RCC) é todo resíduo gerado no processo construtivo, de reforma, escavação ou demolição.
Entulho é o conjunto de fragmentos ou restos de tijolo, concreto, argamassa, aço, madeira, etc., provenientes do desperdício na construção, reforma e/ou demolição de estruturas, como prédios, residências e pontes.
O entulho de construção compõe-se, portanto, de restos e fragmentos de materiais, enquanto o de demolição é formado apenas por fragmentos, tendo por isso maior potencial qualitativo, comparativamente ao entulho de construção.
O processo de reciclagem do entulho, para a obtenção de agregados, basicamente envolve a seleção dos materiais recicláveis do entulho e a trituração em equipamentos apropriados.
Os resíduos encontrados predominantemente no entulho, que são recicláveis para a produção de agregados, pertencem a dois grupos:
Grupo I
Materiais compostos de cimento, cal, areia e brita: concretos, argamassa, blocos de concreto.
Grupo II
Materiais cerâmicos: telhas, manilhas, tijolos, azulejos. Grupo III
Materiais não-recicláveis: solo, metal, madeira, papel, plástico, matéria orgânica, vidro e isopor. Desses materiais, alguns são passíveis de serem selecionados e encaminhados para outros usos. Assim, embalagens de papel e papelão, madeira e mesmo vidro e metal podem ser recolhidos para reutilização ou reciclagem.
Em algumas usinas de reciclagem de entulho, o gesso é enviado a cimenteiras para mistura.
Porém o entulho é mais do que isso: É desenvolvimento sustentável, é oportunidade de trabalho e de negócio, é preservação ambiental, é necessidade.
Por outro lado, é também um dos grandes vilões do ambiente urbano. O entulho acumulado é vetor de doenças como a dengue, febre amarela e chamariz de insetos e roedores.
Descartado indiscriminadamente em rios ,córregos e represas, eleva o seu leito (assoreamento) culminando com enchentes e riscos de desabamento de residências próximas ao rio.
A quantidade de entulho descartada reflete o momento opulento da economia, contudo, sem mecanismos e ferramentas para geri-lo, este resíduo se torna um problema caro para o poder público municipal, responsável pelo serviço de coleta.
Isto é o resultado de uma receita que tem como ingredientes a falta de educação e informação da população para a problemática, a incapacidade do poder público local em fiscalizar e a dificuldade dos órgãos ambientais em ofertar estruturas que recebam resíduos desta natureza. Certamente o entulho hoje merece atenção dos órgãos fiscalizadores, principalmente os municipais.
A reciclagem do entulho, entretanto, poupa nossas florestas, reduzindo a extração de pedras de pedreiras sob arbustos e grandes áreas verdes, poupa nossas águas, evitando que o entulho seja descartado em rios, riachos, represas e mares e ainda gera trabalho e renda.
A introdução deste conceito na construção civil visa reduzir as emissões de gases efeito estufa do setor. De acordo com o Green BuildingConcil Brasil, a construção civil é responsável por 1/3 dos gases lançados na atmosfera em todo o mundo. Em porcentagem, isto significa algo em torno de 25% a 30%, sendo assim, um dos setores que mais poluem no planeta.
No Brasil o entulho pode ainda abarcar mais de 20% da mão de obra egressa de lixões e aterros controlados.